flor da palavra
*Carta de repúdio à violência que sofreram os índios Tupinambá de Olivença em 05 de abril de 2011
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*CARTA DE REPÚDIO*

*Olivença, 07 de abril de 2011*

No dia 05 de abril de 2011, por volta das 11:00 h da manhã, o território
Tupinambá de Olivença, na Aldeia Guarani Taba Atã foi invadido por dez
homens, onde cinco se diziam ser policiais. Estes cinco invasores eram
“policiais” (que segundo a comunidade eram policiais civis sem autorização
judicial e sem nenhum tipo de identificação) disfarçados que buscavam filmar
supostas irregularidades cometidas pelos Tupinambá, na cobrança de pedágio,
no Areal, que se localiza vizinho à aldeia Guarani Taba Atã. Cabe justificar
que o Areal possui sua estrada de entrada na via Olivença-Sapucaeira, onde
foi feito um acordo entre lideranças indígenas e a proprietária do Areal à
liberação da passagem pela aldeia (pela BA 001); nisto, ficou acertado entre
lideranças Tupinambá e a proprietária, que a mesma se responsabilizaria
pagar a dois funcionários índios para tomar conta da porteira, já que a
porteira não poderia ficar aberta (um ficaria pela manhã e outro pela
tarde). Com o não pagamento, por parte da proprietária, a esses
funcionários, os mesmos são levados a interromperem a passagem. Diante do
fechamento da passagem, a proprietária simula o pagamento aos dois
funcionários numa tentativa em apresentar provas forjadas de extorção (por
meio de filmagem feita por um policial às escondidas); desconfiados de tal
prática (da forma de pagamento), os dois índios se recusaram a receber o tal
pagamento. Diante da recusa, os cinco homens fortemente armados partiram
para a agressão. Reagindo aos invasores e agressores, um dos índios foi
baleado na perna; outros dois foram rendidos com atos de violência. Diante
dessa situação outros índios fugiram para a mata, sendo perseguidos pelos
supostos policiais. Casas foram invadidas, com suas portas arrombadas, na
presença de mulheres, adolescentes grávidas e crianças; num ato extremamente
arbitrário, um dos supostos policiais pediu para que um deficiente físico
(paraplégico) ficasse de pé, com o seguinte interrogatório: “cadê as armas,
cadê a maconha”?

Com a chegada da Polícia Federal, dois índios que tinham sofrido agressão
dos invasores, foram injustamente presos, juntamente com ferramentas de
trabalho típicas dos Tupinambá. Todavia, nada aconteceu aos cinco invasores
e agressores que provocaram toda essa situação.

Esclarecemos tais acontecimentos porque parte da mídia apresentou somente
uma versão do que ocorreu, versão essa que criminaliza os Tupinambá de
Olivença e esconde a violenta e ilegal ação de invasão e agressão cometida
pelos cinco homens disfarçados de policiais. Ademais, a mídia tem divulgado
fatos irreais como, por exemplo, de mortes ocorridas, ou a não recusa do
cacique da aldeia em dar entrevistas, sendo que o mesmo nem sequer se
encontrava na aldeia no ocorrido dos fatos.

Por tudo isso, repudiamos as ações cometidas pelos invasores e agressores e
a forma como tais acontecimentos são apresentados por parte da mídia. Nesse
sentido, exigimos:

A imediata liberdade dos índios presos, bem como o fim das acusações
sobre os mesmos.

Punição devida aos invasores e agressores, fazendo valer a Justiça e a
Lei.

Retratação, por parte da mídia, no sentido de divulgar todas as versões
da história até que os fatos sejam devidamente esclarecidos.

O fim do processo de criminalização que sofrem os Índios Tupinambá de
Olivença.

Fechamento do areal, tendo em vista que a exploração do mesmo tem causado
graves problemas ao meio ambiente, a axemplo dos impactos à nascente dos
rios que deságuam no rio Sirihiba.

Que o IBAMA e órgãos competentes tomem as providências cabíveis em
conformidade com a Lei.

Um basta às ilegais agressões cometidas por invasores e policiais as
nossas terras.

A imediata demarcação das terras tradicionais Tupinambá, assinaladas pelo
Relatório da FUNAI, apresentado em 2009.

O fim do preconceito, racismo e da forma discriminatória como são
tratados os Tupinambá de Olivença, por parte da mídia, da sociedade, dos
políticos e de algumas ações policiais e jurídicas.

Cordialmente,

*Lideranças Tupinambá*

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